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sábado, 21 de novembro de 2009

poema homenagem (sobre horizontes, salvia e 1980)

horizonte de 1979-1983 (salvia em 23 de outubro de 2009)

mãe: escudeira poderosa do meu pai
pai: Dom Quixote do meu horizonte poético
Oque é deles não é meu mais
meu amor por eles se vitaliza
em entender que o amor que construiram
me sustentou enquanto deu
amo Ernesto e amo Santa
amo a força que possuem em estar um do lado do outro
até agora

O Erê existe dentro de mim
num formato de enfrentamento das concretudes da cidade
o pé de ameixa do quintal de 1983
ainda lança perfume na minha alma
todo pé de ameixa me joga em 1980
O mesmo parque com trenzinho (o meu pai me amando)
lixo em formato de palhaço
piscou pro meu Erê
Mario Tulio Fernando fotografados
no fundo da minha busca

se o horizonte do passado não existe
quando olho e vejo o muro que construiram
eu que busque novos horizontes
em novas casas
com novos amores novas dores
salvia em 23 de outubro de 2009
salvo por enquanto
--

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ELT na busca

Escola Livre de Teatro
é:
livre de amarras burocráticas indecentes, mas se forçam nós damos nós;
pedagogia libertária onde todos aprendem com todos, mas se forçam nós damos vexame em público com danças e articulação política de primeira;
dolorida de dor de nascimento e não de sacrifício inconsciente, mas se forçam nós renascemos onde for;
porrada nos caras que não fazem nada, mas se forçam nós escutamos eles;
uma alegria de processo, mas se forçam nós soltamos os cachorros;
uma TAZ, mas se forçam viramos um bunker;
labareda que me assanha, mas se forçam nós mijamos no suco deles;
criadora de horizontes do cerrado mineiro, mas se forçam nós destruimos os horizontes de concreto a marretadas.

Lutemos pela ELT

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Para os amigos da noite do dia 2 de setembro de 2009

14 cervejas e uma linha de raciocinio óleo de ricino
depois das 24h é proibido racionalizar no bar do Farias belo bigode
uma ressaca e certa tremedeira
Beleza é um prazer de estar
conversas sobre coito
e nada de coito sobre conversas
Algumas horas depois num cotidiano tranquilo
Vigor de saudade que mato nesta noite na escola livre e na Aguapeí
nem um dedinho entra, e olha que se tentou
Sem desconfianças de quem me ama por que amo muito ela
nada demais em gostar de deitar e roncar
ta bom ja
Uma estrada longa de decifrar lento: uma vida pra fazer isso.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

urubu

Urubú
Urubu é purificação e limpeza, morte e renascimento. Ele faz um serviço sagrado para todos os seres e animais que é limpar o material animal decomposto, evitando doenças potenciais , nunca matando ou ferindo uma coisa viva ou suas próprias criaturas.
Olhando de cima ele vê o que acontece na Terra.
Também é a medicina do Amor pela Terra, pelas Deusas. Traz uma nova visão da vida e da morte, dons proféticos, mistérios.
Tem uma clara ligação com o Fogo/Sol em várias culturas.Desliza suave firme nos ventos, mas usa pouca energia. Usa as correntes de ar, a gravidade, ou seja ele usa as energias da Terra, assim como o xamã.
Come a carniça e voa até a estratosfera para fazer a digestão, lá os micro organismos morrem em seu estômago e ele retorna vivo: força e purificação mágica.
urubu preto brinca na camada de ar
come a sobra e sombreia o resto
não fala a toa
não voa a toa
ama o fim da atmosfera
é forte sem sabermos.

sábado, 25 de julho de 2009

carta ao Júlio de Grammont (ira de 2007)

Carta ao Júlio de Grammont (que Alá, o misericordioso, o tenha)

"Os bons- sempre foram o começo do fim"
Nietzsche

" Incenso Fosse Música

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além"

P. Leminski

Júlio, amigo Júlio de Grammont que estais nos céus, me ouça (ou leia):
Um dia desses fui chutado de um lugar por "não respeitar as regras", "não engolir sapos", "pular o muro" e não participar de "seleção pública". Esse pessoal ficou quase três meses para pagar meus direitos trabalhistas, mas eu suporto...sabe como é a vida: muita contradição.
Pelo que sei, você, além de bom jornalista, não lambia as botas do poder constituído. Como você eu também não faço isso (odeio concessões): não lamberei a bota de prefeito (prefiro futebol), de vereador, sindicalista, gerentes, coordenadores, assistentes, diretores, "cargos de confiança" e outras coisas. Meu lema é "antes morrer de fome do que de tédio". Fico sempre transitando pelos instantes arruinadores de hierarquias.
Ultimamente descobri que as neuroses não são doenças, são um sintoma das concessões que nossa liberdade está sujeita nesse social capitalista. Cansei desse negócio de barganhar poder (às vezes por um sálario medíocre) por prazer. Acredito na transformação do aqui e agora, não tenho paciência para esperar a revolução socialista ou um novo presidente "trabalhador".
Daqui onde eu existo continuarei mais pobre ($), mas continuarei bem eu: sempre contra o cancêr das engolições de sapos (e de pântanos inteiros, como uns gostam...); não quero empregos que, veladamente, exigem "pagar um pau" para partidos do poder; não entro em seleções ou concursos públicos que garantam até minha morte uma média salarial e, menos ainda, não farei isso babando ovo para aparelhados que depois de 20 anos de "luta" não chegaram ao socialismo,,, mas têm uma boquinha no Estado capitalista. Você era dessa gang?
Sabe Júlio, considero coisas rentáveis igrejas e partidos: são 10, 15 anos e cúpula tá rica.
Também não quero respeitar ninguém que não me respeite: de educandos ao papa. Sou feito e me faço para uns e não para todos. Amarei com intensidade quem eu queira e que me queira, não toda a humanidade. Daqui pra frente vivo só com quem me escolha e eu escolha.
Vivo por mim, para uns.
Tô fora das propostas político- peidagógicas reformistas, vivo com o coração arrastando o corpo (acho que vou morrer do coração) e não com a cabeça puxando o corpo (esses intelectuais, no máximo, vão ter caspa). Não quero formar cidadãos que se encaixem nesse capitalismo, não quero adaptar ninguém ao mundo, quero destruir o mundo, "para nascer precisamos destruir um mundo" já dizia Hermman Hesse...
Não quero viver pagando prestações de bens duráveis, não quero garantias, não quero bares que a cerveja custe 4 reais e só tenha gente limpa, branca, cristã e de chapinha. Quero a orgia e a safadeza (deixo pro padres, caretas e militares a continência). Não curto andar pela cidade trancado num automóvel como um paquiderme medroso e monogâmico e/ou celibato. Quero a ternura de viver com amigos e não por dinheiro. A poesia deve subverter o corpo, tem que ser viva e vivida. Não quero objetivos específicos, gerais, metodologia, avaliações, provões; quero amigos que percebam minhas chagas e mostrem as deles, que me vejam chorar e gozar.
A nutrição literária que quero é aquela que transforma o aqui e agora e me aproxime de mim e de quem é atraído pela órbita do meu coração. Morte a quem anda com a poesia morta na boca . Como dizia Raoul Vanegheim, quem fala de revolução, sem realizá-la no cotidiano, fala com um cadáver entre os dentes.
Pensei numa poesia do Piva pra colocar nessa carta, vê se você gosta:
A PIEDADE
Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da
luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio
bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos
pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam
que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos
pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas
asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
dos meus sonhos
Foda essa poesia, né não?
Sou contra a revolução, ela sempre acaba por estabelecer uma ordem cheia de gente mamando eternamente. Quero eterna rebeldia, insurreição eterna, sem garantias, sem paraísos futuros: o paraíso pode ser aqui e agora e durar uma trepada ou um poema .
Tenho umas dúvidas, me ajuda aí:

Você acha que existe algum muro que não mereça ser pulado ou destruído?
Você confiaria num lugar que precisa de muros para manter as pessoas dentro?
Você não acha que gabinetes fechados produzem obesidade?
Não é estranho te excluírem de um lugar que fala de inclusão?
É impressão minha ou a normalidade cristã sempre precisa queimar alguém?
Será que não engolir sapos pode contaminar os outros a fazerem o mesmo? Será que melhoraria o mundo?
Trabalhei num lugar que rolou uma briga que parou quase uma semana as atividades normais e sabe o que aconteceu? Uma demissão? Que nada, só um remanejamento. O legal foi que ficamos sem "líderes" uns 15 dias tudo funcionou normalmente...interessante, né?
Será que essa realidade produtora de síndromes, depressões, neuroses e canceres vai prevalecer sobre os delírios de quem não quer ser rebanho?
Essa é do Antonin Artaud:
" O que se entende por autêntico louco?
É um homem que prefere tornar-se louco antes de trair uma idéia superior da honra humana.
Por esse motivo, a sociedade amordaça a todos aqueles de quem quer se livrar, ou só proteger, por terem se recusado a converter-se em cúmplices de certas imensas porcarias.
Porque um louco é, na realidade, um homem ao qual a sociedade se nega a escutar, e ao qual quer impedir que expresse certas verdades insuportáveis.
Mas, o internamento não é a arma exclusiva, porque a confabulação dos homens tem outros meios para submeter as vontades que pretendem destruir"
E sobre o Van Gogh, o A. Artaud escreve:
"(...) para um mundo que tanto de dia como de noite, cada vez mais, come o incomível para dirigir sua maléfica vontade para a realização de seus fins, cortar a orelha não passa de uma lógica direta. Sobre esse ponto não há mais remédio do que emudecer."
Os satisfeitos e os que amam a segurança são muito chatos, mas parabéns, vocês são o suporte desse mundo doente e brocha.

Desse lugar que fui chutado tenho saudades do pessoal da faxina, da Branca, da Carol, Mirian, Tati, Andeson,Fernando Sombra, Jefão, muitos educandos (as) e de todos onde meu coração pousou.

Júlio: sou fiel ao desejo. Só.

dentro da 7°E do Rener Caram

As coisas acontecem
os corações nos arrastam
sempre para as tormentas
dos encaixes de pele
tão suscetíveis ao erro
e ao gozo.
Me conformo no
brilho do olho
dentro da caixa
de pedra da sétima E.
O sonho pulsa
no roçar dos cílios
no canto da boca.
Dentro de mim
não cabe você.
Mas fica do lado...
ombro a ombro
com um hálito no ouvido.

12/3/08 dentro da sétima E

sexta-feira, 24 de julho de 2009

morder magma

16 de julho de 2008 , foto do dia

Desfazer de realidade
Refazer de sonho
Destilar de prazer puro
Desintegrar de punhetas chiques
Descontrole da necessidade
Construção de brilho no olhar
Busca na órbita do coração

Flores: Sol em matéria
Não precisam de versos,
não mudam por isso.
Faça o que quiser no campo da arte para
uma flor e ela continua igual, a mesma.
É a perfeição da imagem da luz

Ela produz a arte pra nós.
Nós desesperadamente tentamos retribuir,
algo impossível.
É discutir informática com o homo erectus.
É brigar com um elefante.
É morder magma.
A flor é.
Nós estamos sendo.
Ela já caminhou.
Nós buscamos tateando no escuro,
vendo o brilho delas a referência nasce,
mas morremos antes de 200 anos.
Flor imagem de Deus
inútil racionalizar sobre.
Viremos Flor. Mordamos magma.