segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
mata de Paranapiacaba casa da amada
foto de Felipe Gomes.
A mata é um olho cheio de cílios lubrificando constantemente a visão da vida.
O rio e suas quedas quedam as minhas quedas e reerguido de tanto cair caminho pelas pedras
lavo lavo lavolavolavolavolavola vo la vo la vo la lá vou la vou la vou a vo la avoa.
e vejo meu filho crescendo...
Pedra-firmeza, cuidado com o musgo! até na firmeza o bicho pega.
caminho com atenção e aproveito a queda d'água levando tristezas e mágoas. má-águas adeus.
Água flui lava. la vou eu
pausa... viagem de volta... casa amada.
Na noite depois de lavar cada canto da alma na cachoeira cai uma chuva torrencial que lava a casa e o mundo ao redor, neste instante meu coração passeia em Florânia e volta correndo, as gatas estão alucinadas caçando baratas. é aqui e agora meu lugar.
mato pedra água ar madeira vida correnteza firmeza. uma vela acesa substitui todas as usinas hidrelétricas do mundo.
Belezas óbvias são fáceis de ver
quero ver outras belezas. sutis.
covinha do rosto coberta pelo beijo de quem se ama.
cova do rosto antigo, morto. o olho brilha com covinhas novas.
domingo, 29 de dezembro de 2013
Ipê
foto de Fernanda Toscano Bloise
lugar tão árido
pra uma flor florescer.
mas ela floresce.
então, quer dizer
que o ipê tem essa força?
tem sim.
tanta flor faz isso.
nas agruras da minha vida
tantas flores nasceram e nascerão.
na aridez dos caminhos entrecortadas de dádivas invisíveis
minha raiz só se fortaleceu e, olha bem:
na outra ponta dessa raiz
eis a flor.
tu sou eu
tu ipê
floresce no inverno por aqui, e o ano todo em outros sertões;
tem casca grossa;
cura gripe.
leva meu recado
pra quem tem o olho de ver
e coração de sentir.
Carmem-poema
foto de Fernanda Toscano Bloise.
de alguma maneira
nessa chuva que cai aqui
em cada gota
corrente coerente
me visita a presença de alguém
que eu nunca vi pessoalmente.
num fio de prata de milhares de quilômetros
ela me acena
sob o mesmo Sol,
o mesmo de sempre
rachando cada semente.
só me entende
quem sente.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
no avião dos meus Cílios.
no avião na distância dos cílios
pisco lentamente e inspiro cada passo
escalo o morro dos outdoors
e dobro as roupas nú.
nunca mais serei o passado
nem o desespero de futuro
sou eu, aqui, agora,
pontífice entre céu e terra
do tamanho que tenho
na hora que é sou soul
ficando. fincado. enraizado
florindo e expandindo
a órbita do meu coração
até o Recife. sem sair de dentro do meu eixo.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
atravessando o inatravessável.
foto de Caio Zanuto
Busco no fundo da capacidade de amar
Destruindo as paredes que construí na alma
Sob as ruínas da surdez atravesso o "inatravessável"
atento como um cão que ama
farejando e separando cada flor
fiel como um jardim
tesudo como uma alamanda
reconhecedor da incapacidade
buscador da felicidade
duplo e uno
busco silêncios
no meio do barulho
da minha intuição
tão menina
atravessando
uma flor
inatravessável.
9.12.13
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